
Sou extrovertida, gosto de falar e de falar de mim.
Quando tinha os meus dez, onze anos, queria ser escritora. E, de facto, muito escrevinhei em cadernos, em folhas soltas, em bilhetinhos.


Depois, comecei a cantar no Coro de Santo Amaro de Oeiras. Era contralto e, à força de puxar pela voz, fiquei com nódulos nas cordas vocais.

Mais lá para o fim da adolescência, o Xico Zé disse-me: "Porque é que não vais para o teatro?"

Foi como se uma janela muito grande se abrisse à frente dos meus olhos.

Inscrevi-me no Conservatório, onde um curso novo de Formação de Actores (uma "experiência pedagógica" dirigida pelo Mário Barradas) estava nos primórdios. Quase a acabar o terceiro e último ano, pimba, o 25 de Abril. Final do ano na mais total confusão.

(Continua...)