«Só gosto de pessoas. Não me comovem àrvores, rios, sempre gostei mais do poluente alcatrão do que das beatíficas ervinhas. «Natureza, nada em ti me comove» é o verso do poeta. Não, não me dêem flores, prefiro abraços, apertos de mão, beijos. Não gosto de pegadas de dinossauro, prefiro estradas romanas, porque nelas herdo o que do homem ficou, o que foi ficando da sua vitória sobre a noite da Natureza.
Por isso gosto dos palcos: uns panos, uns trapos, veludos, cadeiras, umas luzes, mais panos, umas madeiras, uns cabos e umas pessoas (vivas por enquanto mas sucedendo-se numa estafeta infinda) a falar.»
Heiner Müller