Lisboa, 9 de Fev. de 2012
Rogério Mourtada
A série de trabalhos aqui apresentada, já exposta algumas vezes em
Inglaterra e Portugal, foi desenvolvida por Tiago Serpa (Lisboa, 1984) entre
2007 e 2008, quando concluía o curso Fine Art-Painting no Northbrook College of
Brighton University.
Este conjunto de imagens trata de uma reflexão sobre aspectos da
cultura ocidental que se manifestam nas relações afectivas. O processo
desenvolveu-se num diálogo com pinturas produzidas entre os séculos XV e XXI,
como: Marriage à la mode, de William Hogarth; Salomé recebe a cabeça de São
João Batista, de Caravaggio; O Jardim das delícias, de Hieronymus Bosch; além das obras de Goya, Tolouse
Lautrec, Hopper e Paula Rego.
Tal diálogo com a História da Arte – ainda mais quando materializado através da pintura de um artista
do nosso tempo – amplia-se para
um diálogo com a nossa sociedade atual, tão desenvolvida científica e
tecnologicamente, no entanto carregada de contradições potencialmente
dilacerantes para os indivíduos e suas relações. Tiago Serpa sabe que estas
contradições podem e devem ser identificadas e confrontadas de modo que revelem
as suas verdadeiras origens, e
que esta atitude é fundamental para jamais tomarmos, resignadamente, embustes por fatalidades.
O artista vem desenvolvendo, com competência e constância, um
programa de trabalho que envolve enfaticamente o desenho, o que repercute de modo claro em
sua pintura mais recente, que ruma no sentido de maior elaboração das sínteses
e despojamento. Os seus avanços no domínio da linguagem visual são articulados e cada vez mais
integrados com o que acaba por
ser o seu grande interesse que, aqui, traduzimos com as palavras do poeta
Carlos Drummond de Andrade:
a vida
apenas, sem mistificação.
7 de Março de 2012 a partir das 18h30 no ISPA
Sala de Exposição Mário Casimiro (3º piso).
Rua Jardim do Tabaco, nº 34 1149-041 Lisboa
Tel:218 811 700